sexta-feira, 1 de julho de 2011

Ler e ler!

Quem me conhece um pouco sabe que eu adoro bisbilhotar leituras. Bulas de remédio, propagandas, notas de rodapé e etc e tal.
Poi bem, nas minhas lidas e idas aqui e acolá vejam o que encontrei. Lindo texto de Rubens Alves!!! Mais que lindo ele é instigante... depois você só fica a se questionar: Como fazer meus alunos roubarem???

Enfim, não podia deixar de compartilhar, pois conhecimento deve ser compartilhado! Então após a leitura do texto colocarei algumas dicas para fazerem seus alunos "roubarem" na proposta de Rubens Alves .

Livros para serem furtados... 
O agente do governo, desses encarregados de ir pelos campos visitando pequenos sitiantes para dizer-lhes das últimas maravilhas da ciência para assim melhorar suas colheitas e animais, estava desanimado. Visitava sitiantes, conversava, bebia café aguado doce, contava sobre os porcos melhores que eles poderiam criar, ninguém discordava, mas ninguém fazia nada. Continuavam a cria os porquinhos caruncho, mirrados. Desanimado, ele contou sua tristeza para um velho sábio. E foi isso que ele lhe disse: “O senhor está usando a pedagogia errada. O povo daqui sabe que ninguém faz nada de graça. São delicados. Não contestam. O senhor fala, eles prestam atenção, mas ficam pensando: ‘O que é que o doutor quer tirar da gente? O meu conselho é: pare de visitar e aconselhar. É inútil. Compre uma chacrinha. Cerque com arame farpado, seis fios. E escreva: ‘Entrada proibida’. Aí eles vão perguntar: ‘O que é que o doutor está escondendo da gente? O que é que a gente pode roubar dele?’Aí, de noite, eles vão assuntar. Vão ver seus porcos grandes e gordos...Agora são eles que vão visitar o senhor. Conversa vai, conversa vem, café com rosquinha, no final eles vão dizer: ‘Bonita a porcaiada sua. Sadia, grande, gorda...’Então, aos pouquinhos, como quem não quer nada, o senhor vai educando eles...’ Pensei que a filosofia do sábio matuto pode ser aplicada na educação. O roubo é um estímulo poderoso. Santo agostinho roubava pêras do vizinho só pelo prazer de roubar. Eu mesmo roubei pitangas e, para realizar meu furto, inventei uma maquineta de roubar pitangas. Meu desejo de roubar me fez pensar. Todo pai, mãe e professora fica atormentando as crianças e adolescentes para ler. Comportam-se como o agente do governo tentando ensinar os caipiras. Mas eles não querem ler. Ler é chato. Livro que se deseja ler são os livros proibidos: precisam ser roubados. Era assim quando eu era pequeno. A gente roubava o livro proibido e ia atrás das passagens mais escabrosas. Conselho para o pai: compre um livro engraçado e se ponha a ler na presença do filho, durante o “Jornal Nacional”. Quando chegar uma passagem engraçada ria, ria muito alto. O menino vai perguntar: “Pai, por que é que você está rindo?” “É esse livro aqui, meu filho”. “O que é tão engraçado?” “Agora não posso explicar. Não posso interromper a leitura...” O menino fica intrigado. Seu pai está tendo um prazer que ele não tem. Aí o pai leva o livro para o quarto e o deixa sobre o criado mudo. O menino vai lá assuntar... Se um livro não provocar o desejo de roubo não merece ser lido.

(Fonte: Folha de São Paulo, terça-feira, 9 de janeiro de 2007 - COTIDIANO Rubem Alves  )

Assim que li o texto fiquei pensando e pensando em como fazer meus alunos roubarem livros e, mais do que isso, roubarem conhecimentos. De tanto queimar a cabeça fiquei pensando em experiências já vivenciadas por mim e comecei a repensá-las, a juntar com as ideias que outros profissionais compartilharam comigo e vieram algumas coisas que aqui listarei.

1) Sempre tive nas salas de aula uma caixinha do livro. Acho que agora teria cada dia uma caixinha diferente. Também não avisaria os alunos que a coloquei na sala. Deixaria que eles percebessem, perguntassem e ouvissem uma resposta instigante tipo: "AH! É uma caixa que tem os melhores livros da escola. Foi selecionada ontem e pediram para guardar por aqui...", dependendo de como a turma reagisse, caso demonstrasse pouco interesse diria que eu estava morta de curiosidades. Assim atacaríamos!!!!

2) Pensei também em chegar com uma mala de viagem em que dentro dela tivesse um jogo de pergunta e resposta sobre alguma matéria que estava sendo lecionada. Diante da curiosidade, abriríamos a mala e os alunos veriam vários papeis coloridos com as perguntas a serem respondidas. O mais legal nessas atividades de perguntas e respostas é o fato do aluno se sentir estimulado a saber, o professor pode propor tempo para que os discentes busquem nos livros e cadernos. Vendo a importância da pesquisa para a consolidação do conhecinto.

Bem, agora é só!!! Caso novas ideias borbulhem pela minha cabeça escreverei nos comentários. Ah!!! E vocês também!!!!
Foto: Ananda Luz

sábado, 23 de abril de 2011

Pixinguinha



"Ser humano perfeito"

Assim que Vinícius de Moraes definiu Pixinguinha. Por essa perfeição percebida por todos e todas, mas imortalizada por Vinícius de Moraes, que o dia do nascimento de Pixinguinha não pode deixar de ser comemorado nunca. Devido a sua importância para música brasileira, principalmente para o chorinho, nesse mesmo dia comemora-se o Dia Nacional do Choro (pela iniciativa de Hamilton de Holanda, já é comemorado desde 2001).
Temos hoje várias possibilidades de trabalhar esse importante músico. Podemos trazer para o debate nos espaços educativos o contexto histórico que ele criou, a história do bairro que foi cenário para suas andanças. Tantos para os maiores com pesquisas pela net, lendo o livro de André Diniz que fala sobre a vida desse músico ou montando uma linha do tempo musical do Pixinguinha quanto os alunos forem menores. Uma boa pedida para os pequenos é o livro "Pixinguinha para crianças - uma lição de Brasil" da editora Multiletra. Agora, caso as possibilidades não permitirem trabalhar com esses recursos vire uma contadora de história e conte através da música a vida desse homem.

Dia Internacional do Livro.

Mafalda, personagem de Quino.

Comemora-se hoje, dia 23 de abril, o dia Internacional do Livro em função do falecimento de Miguel de Cervantes, o pai do Dom Quixote. Mas além dele faleceu no mesmo dia o dramaturgo inglês, autor do romance mais lido de todos os tempos William Shakespeare.
Bem, a grande pergunta é por que ler? Por que se lê tão pouco no Brasil?
Então, há vários estudos científicos que levantam esses questionamentos e que na maioria das vezes até respondem. Portanto seria prepotência tentar responder em poucas linhas tais questões.
Mas uma coisa não pode ser negada: ler é importante. A leitura traz para os seres humanos as possibilidades de adentrarem a outros mundos, a conhecerem posicionamentos novos e assim poderem se posicionar.
Como professora percebo que os alunos que desenvolvem mais dificuldades no processo de aprendizado são aqueles que não têm um universo da leitura em suas casas. Assim, não lendo, terão dificuldades de entrarem naquele mundo de livros e abstrações que estão presentes no nosso currículo escolar.
Acredito na leitura como processo de aquisição de um capital, um capital intelectual, que quando adquirido não pode ser tirado de nós. Alguns podem até tentar calá-lo, mas nunca roubarão de nós a possibilidade de pensar, de questionar e de se posicionar. Essas capacidades só são possíveis de forma crítica, sem ser sectário, quando conhecemos. Conhecimento é poder, já dizia Francis Bacon.
Como sabemos que conhecimento é poder, muitas vezes esse não é compartilhado com as classes mais populares. Dificilmente é encontrado bibliotecas em bairros populares e em cidades do interior, sem contar que os livros são caríssimos. Aquém do poder aquisitivo de quem vive com o salário mínimo. Assim, a classe populare fica distante do mundo da leitura, caindo no mundo do plimplim... aí sabemos o resultado disso tudo.
Mas, o que fazer? Muita coisa pode ser feita para que essa situação seja revertida. Existem diferentes inciativas de bibliotecas populares que começaram com o desejo de compartilhar conhecimentos, como é o caso da ong Centro Cultural A História Que Eu Conto (http://ahistoriaqueeuconto.wordpress.com/2009/05/27/trazendo-cidadania-a-vila-alianca/) que tem um trabalho militante no ampliação da cidadania, e isso passa pela leitura. Há também a inciativa de Nova Friburgo que criou a secretaria de leitura com diversas iniciativas e que tinha como secretário de leitura Francisco Gregório da Silva Filho (http://www.cultura.gov.br/site/2010/02/19/livros-por-toda-a-parte/).
Outra iniciativa é começar no seu próprio espaço. No fundo da sala de aula, colocar aquela caixinha do livro é proporcionar a leitura ao aluno que não tem esse universo, é constuir oportunidades. Promover trocas de livros entre os alunos é compartilhar conhecimento. Incentivar o uso da biblioteca e o passeio em sebo é tornar esse universo mais acessível.
É difícil, mas não impossível!!!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Inconsciente


Didático e engraçado, assim que pode ser definido o filme Inconsciente.
Filme lançado em 2004, do diretor Joaquín Oristrell (http://en.wikipedia.org/wiki/Joaqu%C3%ADn_Oristrell), baseia-se na história de Alma, uma mulher que está além de sua época. Alma sai na busca das interrogações que ficam com o desaparecimento de seu marido Léon, estudioso de Freud.
O interessante do filme é que coloca as teoria de Freud de forma didática, quase uma aula prática, além de contextualizar historicamente os acontecimento. O filme mostra também o quão revolucionária foram as pesquisas e conclusões de Sigmund Freud. É possível ver no filme cenas interessantes de hipnose, tem casos de histeria e a relação da sexualidade e o que seus desejos motivam a vida das pessoas.
Essa película espanhola é interessante para aquele professor que quiser enriquecer sua aula, pois sabemos o quanto diferentes recursos auxiliam no processo de aquisição do conhecimento. Utilizando esses recurso o professor instiga os alunos a perceberem o que foi lido no filme e a fazer críticas sólidas.
Vejam o trailer do filme:

 

Adesivos na rua? Mas isso é arte?


Foto: Ananda Luz / Local: São Paulo
 
Foto: Ananda Luz / Local: São Paulo


Isso mesmo! Aquele adesivo colado no poste, sem intuito comercial mas que passa uma mensagem ou só embeleza o ambiente, ele é uma interferência artística sim. É a arte de rua ou arte urbana, conhecida como sticker. O sticker, ou melhor arte feita em adesivo, vem ganhando força em alguns lugares do nosso país. Para comprovar isso é só dar um passeio por São Paulo que a cada esquina da Av. Paulista e sua transversais é comum ver essa forma de expressão visual. Em pesquisa feita na rede, percebe-se que em Minas Gerais há uma forte manifestação de adesiveiros, ou stickers.
O mais interessante nessa arte é a possibilidade de criação. Os adesiveiros podem fazer um a um seus adesivos ou mandar imprimir diversos. Podem criar um desenho ou interferir em uma imagem. Vale tudo nessa arte no quesito inovação. Até o local vale! Vale colar em latas de lixo, postes e paredes. O importante é o adesiveiro deixar sua arte para dialogar com cidade e as pessoas que dela fazem parte. O intuito é fazer parte do urbano de forma criativa, crítica e intensa. Porque toda interferência artística tem em sua intensidade a capacidade dialogar com o outro e quando esse diálogo acontece nas ruas populariza a possibilidade de todos se verem como parte do processo criativo.
Vejam algumas fotos de stickers paulistas e conheçam um pouco mais sobre essa arte entrando na página do Overmundo (http://www.overmundo.com.br/overblog/o-papel-dos-stickers).


sábado, 16 de abril de 2011

Charlie Chaplin

Como o blog nasceu ontem, véspera do aniversário de nascimento do genial Charlie Chaplin, nossa página não poderia deixar de comentar. Comentar mesmo, porque falar da vida de uma pessoa que tanto fez é quase impossível.
Inglês, nascido em Londres, Charlie Chaplin foi um pouco de tudo: ator, dançarino, produtor, diretor, roteirista e músico. Ufa!!! Quanta coisa!!! Exatamente!!!
Ele tinha total domínio do que produzia, pois participava de toda etapa de produção de seus filmes, tinha visão do produto final. O que contrariava a filosofia fordista que ele criticou em seu filme Tempos Modernos. Era politizado em suas ações, suas produções sempre se posicionavam diante de algo polêmico, com um toque genial de humor, o que fazia dele um palhaço. Nossa quantos homens em um só! Não quantos homens, mas sim muitos sonhos sem medo de serem realizados, o que fez dele um inovador. Não podemos esquecer de atribuir a ele o incentivo que deu para a sétima arte, o cinema.
Devido ao seus diversos olhares há diferentes possibilidades de trabalhar com ele. Independente da faixa etária que o educador esteja disposto a trabalhar, o que vai diferenciar é o olhar para as questões.
Já trabalhei em dois momentos esse filme. Com uma turma de quinto ano e com uma turma de terceiro ano, ambas do ensino fundamental I. Isso mesmo! Não há nada de tão complexo na película “Tempos Modernos” que alunos de oito e nove anos não possam entender.
Na experiência mais recente iniciei o trabalho com uma listagem de filmes que os alunos gostavam de ver e o que apreciavam nos filmes. Obtive diferentes respostas como: a música, o local em que era filmado, cores, a roupa, tudo, o desenho, entre outras coisas. Com isso pude sensibilizar os alunos a olharem para o filme com um ar comparativo. Ver o que mudou daquele cinema para o cinema hoje.
Após, passei o filme e as crianças assistiram com muita atenção e gargalhadas, que durante o filme nunca faltam.
Após terminar colhi as impressões deles diante do filme e muitos aluno fizeram conexões com o processo de industrialização já estudado em Geografia. “Professora, aquilo era uma fábrica, ele não fazia trabalho artesanal.” e “Mas... o que ele produzia mesmo?”. Foram perguntas que escutei dos alunos e que me deixou muito satisfeita, pois assim pude debater a essência que Chaplin quis deixar em seu filme.
O relato acima é só um dos desdobramentos que o filme pode proporcionar para o docente. Outros mil projetos podemos realizar. É possível fazer curtas metragem com os alunos inspirado no cinema mudo ou até uma animação. Pedir que os alunos construam roteiros para o filme também é uma boa pedida. Portanto temos aqui um recurso muito bom a ser explorado.
Vejam trecho do filme: 

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Cheguei!!!

Bom, o intuito desse blog é debater tudo que engloba o ato de educar. Mas em uma visão ampliada de educação. Debater a educação que está em todos os cantos, que vai além dos muros das escolas. A educação que se dá nas ruas, na mídia, nos cimenas, nos teatros, nos shows, nos hospitais, nas feiras... Enfim, a educação que acontece em todos os cantos.
Quero contar um conto. Quero ouvir histórias e compartilhar experiências. Quero que as pessoas contem contos e assim formemos uma roda dialógica com essa ferramenta magnífica que é a internet.